Descrição
Era uma vez um homem, rapaz ainda novo, que sonhava sonhos que inventava só para si, para não sentir a solidão. Tudo para ele era e não era, numa busca torturante do encontro de si consigo mesmo e de si com o que poderia criar, a partir dos sonhos que sonhava, mas que depois esquecia — como que os desfazia.
Tal e qual outra Penélope. Como escreveu Álvaro de Campos: “O que basta acaba onde basta, e onde acaba não basta.” Mas para ele nada acabava, porque também para ele nada começava. Vivia num entre qualquer coisa e qualquer coisa que sentia muitas vezes, mas que nem sequer conseguia sonhar.
Um dia apaixonou-se, nunca chegando a perceber se por uma rapariga de olhos azuis-mar, ou se pela Marta (que era o nome dela), ou se por uma rapariga em tons de azul que tinha amado em tempos, de um azul como o dos hábitos dos frades lóios. Mas ela era apenas o sonho dela, não era ela, e tão pouco o sonho dele, porque ela recitava constantemente, como se fosse um mantra hindu, um poema de Reinaldo Ferreira: Mínimo sou, Mas quando ao Nada empresto A minha elementar realidade, O Nada é só o resto. E ele adormecia de um cansaço tão grande que nem conseguia sonhar o resto do sonho. Foi então quando ele, um dia, caiu na sua elementar realidade e se deixou levar pela corrente de um rio abaixo, como um peixe morto, incapaz de voltar à fonte de onde brotara — o Sonho.
Peso: 0,412 kg
Dimensões (C x A): 16 × 22 cm
ISBN: 978-989-53632-3-0
EAN: 9789895363230
Editora: Frases de Papel
Páginas: 240
Edição: 2023/05
Autor: Arrobas, José Manuel
Língua Edição: Português
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